Tim Cook, CEO da Apple, fez um bom trabalho ao transformar clientes leais da Apple em uma fonte de receita constante de serviços, principalmente pelo seu streaming de vídeo Apple TV+ e o cartão de crédito Apple Card lançado no ano passado pela empresa Goldman Sachs, além da tradicional linha de dispositivos como iPhones, iPads e Macs. Outro fator que alavanca as ações da Apple é a demanda por novos iPhones após o lançamento da tecnologia 5G, além das taxas de juros mais baixas que ajudaram toda Wall Street. Na última quarta-feira, dia 22, a capitalização superou brevemente os US$ 1,4 trilhões, mas não encerrou o dia neste patamar. As ações da Apple vem sendo negociadas ao equivalente a 23 vezes o lucro esperado, seu melhor desempenho desde 2010, segundo a Refinitiv. Entretanto, seu desempenho fica abaixo de empresas com receitas recorrentes (como Salesforce e Netflix, cujo valor de mercado tem ficado em torno de 55 vezes o lucro esperado), e sua dependência nas vendas de iPhones gera a necessidade de convencer os consumidores a atualizar seus smartphones ano após ano. Outras fabricantes de hardwares, como Intel e Cisco Systems, esperam ter ganhos de cerca de 14 vezes o lucro esperado.
Fatores externos prejudicam desempenho das ações
Devido ao surto de coronavírus na China, as ações da Apple caíram 2,9% nesta última segunda-feira, demonstrando o receio sobre as consequências econômicas do mercado chinês na bolsa de valores norte-americana. Análises sobre os lucros trimestrais da Apple após o anúncio de hoje avaliarão o impacto em suas operações de fabricação na China. Conlon acrescentou ainda que o negócio de serviços da companhia de Cupertino deve se tornar sua principal razão para adquirir ações. A Apple está caminhando para atingir o dobro de sua receita de serviços de 2016 para US$ 48,7 bilhões até o final do ano fiscal de 2020, concentrando-se na venda de assinaturas para sua base de usuários. Muitos investidores esperam aumento em seus ganhos em um futuro próximo, uma tendência refletida em seus valores crescentes. No 4º trimestre de 2019, a Apple declarou que sua receita de serviços atingiu US$ 12,51 bilhões, superando as expectativas dos analistas, que era de US$ 12,15 bilhões. Os serviços representaram 20% da receita total nesse trimestre, perante 17% no mesmo período ano anterior. A Apple também apresentou dados de custo de vendas, mostrando que as margens brutas de seu segmento de serviços aumentaram para 64%, perante 61% no ano passado. O resultado é maior do que a margem bruta geral da Apple, de cerca de 38% nos últimos anos. Ainda assim, para um segmento de negócios que recebe mais atenção de Wall Street, a Apple não fornece maiores detalhes. Os relatórios trimestrais da empresa dividem as vendas de iPhones, Macs e iPads, mas ainda não foi divulgado qual o montante de ganhos por cada produto da categoria de serviços. O forte desempenho recente das ações da empresa foi perpetuado pelos gestores de fundos que compram suas ações, a fim de evitar um desempenho inferior aos seus benchmarks, uma tendência que pode ser revertida no final do período. No primeiro trimestre fiscal, encerrado em dezembro, os analistas esperam que a receita de serviços salte, em média, 19,7%, chegando a US$ 13 bilhões, segundo o Refinitiv. A receita global no trimestre deverá aumentar 5,0%, para US$ 88,5 bilhões, com o lucro líquido ajustado avançando os 1,5%, atingindo os US$ 20,3 bilhões, e o lucro por ação de US$ 4,55. Fonte: Reuters