A Intel gentilmente cedeu uma unidade do Core i7-12700K ao Showmetech, e depois de algumas semanas de testes, apresentamos nossa análise completa do produto.

A Intel voltou, e voltou bem

A Intel quase sempre foi sinônimo de liderança no mundo dos processadores. Lembro bem dos anos de 2013 e 2014, até mesmo janeiro de 2017, quando montei meu primeiro PC Gamer. Não haviam dúvidas nessas épocas. Se você quisesse uma máquina parruda e longeva, tinha que comprar Intel. O tempo passou e as coisas não envelheceram tão bem. Isso porque uma simpática moça chamada Lisa Su assumiu a chefia da AMD para anunciar em 2017 os processadores AMD Ryzen com arquitetura Zen. Aí as coisas mudaram. Pela primeira vez em bastante tempo a Intel tinha um concorrente de peso. Isso acirrou o mercado, mas também fez o lado azul (Intel) criar certa soberba, e consequentemente alavancou o lançamento de alguns desastres, como os processadores de 11ª geração. Pois bem. Era a hora de dar a volta por cima, e felizmente os processadores Alder Lake parecem estar cumprindo esse papel com maestria. Ao longo dos testes veremos a qualidade do Intel Core i7-12700K, mas isso só é possível graças a sua arquitetura híbrida.

A arquitetura híbrida salvou o dia

Na nova empreitada da Intel, a companhia recorreu ao modelo de arquitetura híbrida, o famoso System on a Chip, mais conhecido por SoC. A tecnologia nada mais é do que um chip, e nele estão contidos componentes como o processador, a placa de vídeo, memórias, etc. No entanto, o SoC não é novidade. Se você estiver usando um smartphone agora, seu celular contém esse tipo de tecnologia. Mas nos computadores o Time Azul resolveu ser hora de mudar de estratégia. A ideia é ter dois tipos de núcleo funcionando em conjunto: cores de alta performance misturados com cores de performance mais baixa para rodar tarefas em segundo plano em um único chip. Os núcleos de alto desempenho, chamados P-Cores (Performance-cores) correspondem à arquitetura Golden Cove; já a arquitetura Gracemont é referente aos núcleos de eficiência, os E-Cores (Efficient-cores). Os processadores serão fabricados numa litografia de 10 nm Enhanced SuperFin, conhecida como Intel 7. Isso é outro salto importante, pois já faz tempo que a empresa não mudava seu processo de fabricação e ajuda a melhorar o desempenho.

Como funciona na prática?

Claro, na parte teórica é até que compreensível entender o que a Intel veio tentando fazer, e, na prática, é igualmente simples. Basta pensar que estamos com um game pesado rodando em primeiro plano, como Fortnite. Os núcleos P de performance estarão trabalhando para rodar especificamente este game, enquanto os núcleos E de eficiência ficam em segundo plano, orientando atividades no background, como um Discord da vida em que você usa para se comunicar com seus amigos. No dia a dia não percebemos isso. Não é como se eu tirasse um i7-11700K e colocasse o i7-12700K e magicamente houvesse uma revolução no meu PC. Não. O modo de usar é exatamente o mesmo. A diferença é o que acontece “por trás dos panos” do seu computador.

Novos processadores e a chegada do DDR5

Além de revitalizar a marca, a Intel resolveu apostar ainda mais alto, ditar algumas regrinhas e mandar um belo de um ultimato para a AMD. Pela primeira vez, as memórias DDR5 seriam compatíveis com processadores domésticos — e talvez processadores em geral, pois esse é outro lançamento da indústria. De fato, há mudanças importantes, não somente em relação à RAM, como também nos soquetes, chipsets, portas PCIe. Enfim, muitas novidades. Atualmente o DDR5 só funciona em compatibilidade com processadores Alder Lake, e garante frequências de 4800 Mhz, controladores integrados nos módulos, melhor comunicação com a CPU, etc. A Intel também nos enviou um kit de 32 GB de memória RAM da Kingston, e não senti grandes diferenças no uso cotidiano ou em games. Na verdade, para observar as mudanças concretas entre o uso do i7-12700K com DDR5 e com o DDR4, precisaríamos de uma placa-mãe compatível com a construção DDR4. Pode parecer confuso, porém o DDR não é uma tecnologia retro compatível, ou seja, não há como ligar um pente DDR4 numa entrada DDR5 ou vice-versa. Para testar como dois tipos distintos de memória se comportam num mesmo processador é necessário que tenhamos outra placa-mãe, e infelizmente ainda não conseguimos uma. Portanto, não entrarei no mérito das memórias aqui, pois nos faltam testes para averiguar as mudanças. O PCIe 5.0 também dá as caras com os processadores Alder Lake, porém as placas atuais ainda atuam no PCIe 4.0, então só precisamos esperar os futuros lançamentos da NVIDIA, AMD e da própria Intel, com a vindoura linha Arc. A expectativa é acelerar a trocar de informações entre os processadores e os dispositivos que fazem uso dessa conexão, sendo principalmente as placas de vídeo. Esperamos que essa conexão tenha uma capacidade de transferência de dados de até 128 GB/s, e até 23 GT/s; contando também com retrocompatibilidade com versões anteriores.

Os chipsets, soquete e o cooler

Para englobar tudo isso é necessário um chipset robusto, e entra em ação a família Z690: a topo de linha para os processadores Intel Alder Lake. Durante a CES 2022, a Intel anunciou outros chipsets, dessa vez para os segmentos de entrada e intermediário, como o H670, B660 e H610, que chegam nos próximos meses ao mercado. Essas placas-mãe, principalmente as premium, estarão equipadas com portas Thunderbolt 4 e rede Wi-Fi 6E. E aqui chegamos na parte “complicada”. Mostrarei nos próximos tópicos o design do i7-12700K, e caso você tenha o olho mais atento aos detalhes, pode perceber que a pequena pecinha de silício é retangular e não mais quadrada. Pois bem, é a verdade. E com isso os novos chipsets precisaram de alterações no soquete. Saímos do LGA 1200 e caímos direto no LGA 1700. Isso significa que o seu processador Alder Lake não encaixa no soquete LGA 1200. Nem adianta tentar. E claro, se o soquete mudou, a furação para coolers também mudou. Agora, você precisa ou comprar um cooler compatível de fábrica com o LGA 1700, ou comprar um kit de upgrade para usar seu antigo sistema de arrefecimento. Caso queira saber mais sobre de forma milimétrica, escrevi um artigo completo sobre o tema há alguns dias, com dicas, recomendações de coolers e explicações aprofundadas. Em nosso caso, a Intel enviou uma placa-mãe ASUS Prime Z690 Wi-Fi e posteriormente o water cooler Cooler Master MasterLiquid ML240L, com um kit de upgrade.

O Chip

Agora que já explicamos as grandes inovações dos processadores Alder Lake para desktop, finalmente podemos concentrar nossos esforços para entender melhor o Intel Core i7-12700K. Indo direto ao que interessa, essa CPU possui 8 núcleos de performance e núcleos de eficiência, totalizando um processador de 12 núcleos, que ainda conta com 20 threads, clock base de 3.6 Ghz e boost para até 5 Ghz. No papel temos um excelente componente, e que durante os testes consegue provar isso muito bem. O modelo também é equipado com uma placa gráfica integrada, a Intel UHD Graphics 770. Porém nem nos demos ao trabalho testar sua performance, pois não faz sentido comprar um processador dessa magnitude para jogar em gráficos integrados. Ademais, por possuir a terminação “K”, a CPU é desbloqueada para overclock.

Bancada de testes

Antes de começar nossos testes em benchmarks sintéticos e em games, o Intel Core i7-12700K foi testado numa bancada com placa-mãe ASUS Prime Z690 Wi-Fi, water cooler Cooler MasterLiquid ML240L, 32 GB de memória RAM (2×16) a 4800 Mhz,  1 TB Imation, fonte de 600W Corsair e uma NVIDIA RTX 3060 da EVGA.

Benchmarks Sintéticos

Fire Strike Extreme

O 3DMARK é uma das principais ferramentas para a realização de testes sintéticos e tangenciar a capacidade do i7-12700K. O primeiro teste foi com o Fire Strike Extreme, criado para a testagem de GPUs e CPUs poderosas com benchmark de tesselação pesada, iluminação volumétrica, simulações de fumaça, iluminação de partículas dinâmicas, física para a CPU e pós-processamento; totalizando 9856 pontos.

CPU Profile

Nosso segundo teste é com o CPU Profile, um benchmark que realiza vários testes utilizando os diferentes números de núcleos e threads do processador. Ao total são realizados 6 testes com todas as threads, 16 threads, 8 threads, 4 e 2 threads e, por fim, apenas 1 thread, utilizando a mesma métrica para todas; culminando em diferentes pontuações para cada teste, como observamos abaixo:

Cinebench

Os testes do CINEBENCH servem para colocar o processador e placa de vídeo em carga máxima na renderização de cenários e cenas complexas. Os testes colocam os 6 núcleos do processador e, posteriormente, apenas um núcleo principal para renderizar uma cena realista com anti-serrilhado, reflexões, iluminação, sombras e diversos outros efeitos que compõem cerca de 2000 objetos.

Blender

Por fim, o Blender é uma ferramenta de código aberto utilizado para modelagem, animação, texturização, composição e renderização de vídeo. Neste teste utilizamos a demo BMW para renderizar.

Testes em games

Antes de começarmos, precisamos salientar alguns pontos. Como a análise deste texto é observar o comportamento do processador, a ideia principal é deixar a placa de vídeo mais confortável possível para fazer altos números de quadros. Dessa maneira, a CPU terá mais trabalho, principalmente quando em resoluções menores. Assim, em muitos casos, usamos qualidade média ou baixa, pois o objetivo é ver até onde o processador aguenta. No mundo dos PCs dizemos que o importante é deixar a placa de vídeo sempre a 99% de sua capacidade de uso, pois o componente estará entregando todo seu desempenho. Nos processadores é o inverso: quanto menor for sua % de uso, melhor é o desempenho. Então, se nossa placa está sendo completamente utilizada, o gargalo do sistema vira a CPU, e conseguimos saber quão longe essa peça pode chegar.

Call of Duty: Warzone

Começando nossa bateria de testes com Warzone, o título da Activision roda bem em torno dos 100 frames quando em qualidade máxima na resolução Full HD. Os frames oscilam até 140 quadros em ambientes internos. O i7-12700K está apenas em 24% de uso, sem fazer esforço, enquanto a RTX 3060 dá seu máximo nessa resolução. Ativando o DLSS no modo Qualidade ganhamos maior estabilidade no sistema, e subindo a taxa para casa dos 130 frames em média. Já em Quad HD as estimativas são boas. Com o DLSS no modo Desempenho, o processador aguenta entre 96 a 100 quadros sem problemas. Diminuindo algumas opções é possível jogar de forma competitiva de modo dinâmico.

Forza Horizon 5

Forza Horizon 5 é um dos games mais bonitos disponíveis para o PC, e rodando em Full HD com tudo no máximo, inclusive Ray Tracing no Alto, o i7-12700K faz o dever de casa rodando entre 90 a 100 quadros, e chegando a no máximo 22% de carga. Em 1440p o cenário ainda é bem interessante, com um gameplay de 65 a 72 frames sem grandes oscilações e um processador sobrando no sistema.

Fortnite

Um dos maiores fenômenos da atualidade também não foi páreo para o i7-12700K. O processador levou Fortnite a bons 100 quadros, utilizando menos de 20% da sua capacidade total com tudo na qualidade Épico. Ao ligar o DLSS no modo Balanceado, podemos observar uma bela subida para média de 140 frames sem problemas. Definitivamente uma boa configuração para os pro players. Em Quad HD o game da Epic roda nos mesmos 100 quadros anteriores, porém utilizando o Balanceado para o recurso do DLSS. Ainda assim é um número bem impressionante.

God of War

Por fim, chegamos a God of War. O recente lançamento da PlayStation é bem otimizado nos PCs, e o Deus da Guerra bateu de frente com nosso processador, que encarou a fúria de Esparta com tudo no ultra bem próximo aos 60 com DLSS ou FidelityFX Super Resolution em modo Desempenho. Sem o recurso há eventuais quedas para 50 quadros. Infelizmente não conseguimos realizar o gameplay em Quad HD, pois o game não permitia utilizar a técnica de upscaling de imagem no meu monitor.

Vale a pena?

Valer a pena, neste caso em específico, é uma questão ainda mais subjetiva. Se você pretende adquirir um processador parrudo para qualquer tarefa, seja games ou aplicações como modelagem e renderização, e aí pensa em mexer com overclock, então o i7-12700K pode ser uma boa pedida para o seu caso. Porém, se você ainda quer um baita processador, mas não pensa em overclock, talvez seja bom esperar o lançamento do i7-12700, sem o K, que deve chegar ao mercado brasileiro com preço mais atrativo em breve. Na concorrência temos o Ryzen 7 5800X do lado da AMD, que custa uns 500 a 600 reais a menos do que o novato da Intel, mas que está preso a tecnologias mais antigas, como o DDR4 apenas. E esse é o problema, a memória RAM DDR5. Está sendo praticamente impossível comprar módulos DDR5 por enquanto, e quando encontradas, custam facilmente mais do que R$ 1.300. O investimento total é bem alto. Dito isso, meu veredito final é que sim, a Intel retornou de modo triunfal com os processadores Alder Lake, e o i7-12700K é a prova disso. Por mais que seja excelente, eu ainda esperaria uma boa promoção para investir nesse componente, e tentaria adquirir uma placa-mãe com suporte a memórias DDR4 por enquanto.

Ficha técnica

Veja também

E aí, o que achou do nosso review do i7-12700K? Aproveita e conheça também o nosso review do Ryzen 7 5700G, um processador com gráficos integrados de bastante desempenho.

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