História

Para mim, a temática é o quesito mais interessante de Far Cry 5: seita religiosa. Na zona rural do Condado de Hope, em Montana, um culto cristão extremista está minando o poder do estado. Seu líder, John Seed, é um homem com o corpo coberto com iconografia religiosa e o cabelo preso em um coque – praticamente um Jared Leto fictício, que acumulou seguidores armados. Começamos o jogo na pele de um recruta enviado como parte de uma equipe para prender Seed. Todo o caminho até a igreja de Eden’s Gate é bem tenso sob os olhares dos seguidores. E antes mesmo de decolarmos no helicóptero com Seed algemado, somos perseguidos e derrubados. Ao tentar escapar do condado, somos resgatados por um sobrevivente que estuda a operação da família Seed há tempos. Assim, a narrativa de Far Cry 5 é, no mínimo, interessante. A maior parte do enredo funciona e a introdução aos membros da família Seed, nossos odiosos inimigos, é fantástica. Os quatro antagonistas são dignos da nossa missão em exterminá-los.
Joseph Seed, o primeiro irmão apresentado, acredita genuinamente que o mundo vai acabar e ele será o salvador de Hope County, enquanto John usa o culto como desculpa para atormentar os outros. Jacob é um ex-militar frustrado com a América que teve que lidar com um grande trauma durante suas missões. Por meio do culto, ele deseja “restaurar” o país (a terrível historinha promovida por Trump de Make America Great Again). Ao longo do jogo, um leve sentimento positivo é gerado por Faith, a irmã dos malucos, que também toca o terror no Condado de Hope. Ok, até aqui tudo bem. O problema com Far Cry 5 (acredito que com a série inteira) é quando se apoiam nos mesmos recursos repetidamente. As missões da história, centradas em Seed e seus irmãos, apresentam cenas bastante gráficas de tortura, doutrinação e frenesi religioso. Para muitos, isso é fichinha, mas depois de um tempo, enjoa e já não causa quase nenhum impacto. A falha também está na montanha-russa de tom da história. Num determinado momento, estamos imersos pelo sadismo dos personagens e, em seguida, temos uma missão super exagerada e feita para ser divertida, numa picape monstro cheia de metralhadoras. Ou seja, tudo muito abrupto.

Jogabilidade

Quanto a jogabilidade, vamos começar pelos pontos positivos. Nós podemos escolher o gênero e customizar a aparência do chamado(a) “recruta”. Depois do encontro inicial com a seita, temos a missão de construir a reputação e legado de um líder, explorando a região do Condado de Hope em busca de pessoas insatisfeitas com a situação do local, a fim de formar uma resistência para derrubar a família Seed. Ao concluir objetivos e missões, recebemos pontos que podem ser trocados por habilidades. O Condado de Hope é tudo que um mundo aberto precisa ser: imenso, cheio de obstáculos e missões secundárias. E é assim que é recomendado curti-lo, sem seguir a história ou ficar olhando o mapa. Assim, o destino colocará santuários no seu caminho para destruir, inimigos na sua cola e reféns a espera de um milagre. Vale mencionar que a inteligência artificial do jogo não é das melhores. Especialmente se você anda agachado, fica gritante a “burrice” dos NPCs. O número de inimigos que encontramos pelo caminho também foge um pouco do realismo do game. Na hora do combate, são diversas possibilidades de solução nos cenários, nada se torna muito previsível. O jogo também expande ao máximo os modos de locomoção, incluindo picapes, jipes, carros de passeio, quadriciclos, lanchas, caminhões, helicópteros e aviões. Logo, a jogabilidade de Far Cry 5 é bem divertida, só pode se tornar cansativa se o jogador em questão não for extremamente fã de jogos de tiro que são feitos apenas para serem jogos de tiro. No final das contas, esse título não foge do padrão.

Gráficos

Os cenários são incríveis, todo o Condado de Hope é bem desenhado e repleto de texturas realistas, mas claro, seguindo o padrão do jogo até o momento, sempre há falhas. Em meio a reflexos, sombras e luzes fantásticas, é possível encontrar efeitos de queimadas, por exemplo, bem meia boca. O que pode parecer um defeito pequeno, perto dos visuais de cutscenes deslumbrantes.

Far Cry 5 faz críticas políticas?

O marketing do jogo dá muito a entender que sua trama tem alto teor político, porém, há pouca profundidade em tudo que se propõe. É até compreensível, afinal, se posicionar demais é se comprometer a perder consumidores. O jogo aborda alguns dos tópicos mais marcantes da nossa realidade: controle de armas, extremismo religioso e cultos à personalidade. Mesmo assim, se distancia dos problemas do mundo real que claramente inspiraram seus temas.  Trump é obviamente referenciado — em uma das missões, é preciso recuperar uma fita infame e comprometedora para um agente federal que trata o assunto com o termo “golden shower“. Sem comentários políticos, apenas risadas.   Os cultistas do Eden’s Gate são extremistas, mas não chegam a atingir nenhum paralelo com a realidade, como a supremacia branca. Neste quesito, o jogo fica devendo por, em alguns momentos, se levar a sério demais e, em outros, apenas fazer graça e não criticar nada de fato.

Far Cry 5 vale a pena?

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