Desde o primeiro game da série, cada entrada foca em um dos Cavaleiros do Apocalipse (War, Death e Fury, até o momento) e seu conflito eterno entre o Céu e a Terra, anjos e demônios. Quando a THQ Nordic exibiu uma amostra de Darksiders Genesis, um título spin-off que teria um estilo diferente, muitos fãs da série ficaram em dúvida se o game manteria o mesmo nível que as outras entradas. O Showmetech teve acesso a Darksiders Genesis para o Nintendo Switch e, após alguns dias de intensa jogatina, trazemos uma análise completa do desempenho dessa jornada apocalíptica por um mundo isométrico e com toques mais profundos de RPG na tela do pequeno (mas poderoso) console da Nintendo!
Entre anjos e Demônios
Como o próprio nome indica, a trama de Darksiders Genesis se passa antes do enredo do primeiro game. O enredo gira em torno da história de guerra e dos conflitos dos Cavaleiros do Apocalipse e sua busca para impedir que Lúcifer causasse uma guerra total após a queda do Éden. Toda essa trama dantesca é acompanhada de uma ação divertida e enérgica entre dois dos cavaleiros (War e Strife) através de uma impressionante seleção de locais altamente detalhados. O melhor de tudo é que o game permite que você alterne entre os Cavaleiros a qualquer momento, utilizando seus diferentes conjuntos de movimentos que são necessários para progredir em sua jornada. Essa mecânica torna a jogabilidade muito flexível e impede que o game fique repetitivo, quando joga muitos inimigos e situações semelhantes de forma incessante em cima do jogador. Por outro lado, enfrentar os mesmos tipos de monstros é uma característica da série (e de quase todos os games do gênero RPG) pois, como diz o ditado: “A prática leva à perfeição”. Pode ser cansativo, mas o jogador acaba desenvolvendo técnicas pessoais e criando um estilo próprio para enfrentar qualquer tipo de inimigo sem derramar uma única gota de suor. Os personagens e a ação são muito semelhantes ao que os jogadores estão acostumados em um game da série Darksiders. War continua um Cavaleiro enorme, de poucas palavras, e que fica balançando uma espada gigantesca por onde quer que passe (sem se importar muito com quem ou o que esteja em seu caminho). Seus ataques são brutais, misturando força direta com golpes especiais desbloqueados à medida que você avança no game. Já Strife (um Cavaleiro que faz sua estreia em Darksiders Genesis) é ágil, cortando pela esquerda e direita com punhais duplos e descarregando um par de pistolas nas hordas inimigas (qualquer semelhança com o personagem Reaper, de Overwatch, não é mera coincidência). Ambos os personagens têm uma variedade de movimentos finais selvagens e suas próprias habilidades especiais. Os protagonistas se complementam de forma satisfatória e, caso você tenha um favorito, há momentos em que será preciso mudar de personagem, algo que traz uma dinâmica diferente ao jogo e impede que a experiência se torne muito repetitiva. Além disso, cada cavaleiro também tem várias habilidades que o outro não possui. Por exemplo, War possui uma lâmina circular que pode ativar mecanismos distantes, e Strife pode criar portais através dos quais objetos podem ser lançados. Dessa forma, resolver muitos puzzles presentes nos ambientes geralmente requer que os Cavaleiros trabalhem juntos. Porém, não só de habilidades especiais são feitos os Cavaleiros do Apocalipse: mais tarde na aventura você desbloqueará formas demoníacas para os dois irmãos e um movimento super poderoso para cada um deles, causando danos devastadores aos inimigos. É como se fosse um “golpe final” que você usará raramente no game, mas que poderá ser a diferença entre a vitória e a derrota, dependendo da situação infernal que você se encontrar. Outro personagen que retorna em Darksiders Genesis é Vulgrim, mais uma vez em busca de almas em troca de mercadorias importantes e itens especiais, enquanto o novo comerciante Dis oferece upgrades de combate para cada irmão. A progressão do personagem é realizada através da coleta de Creature Cores, objetos lançados dos inimigos que podem ser encaixados em uma árvore de habilidades compartilhadas para melhorar o ataque e a defesa e ativar vários efeitos ativos e efeitos passivos. Como os Creature Cores servem para aprimorar os níveis de atributos dos dois Cavaleiros você não se precisa se preocupar em gerenciar o uso deles. De forma geral, há uma tonelada de coisas para coletar, desbloquear e explorar em Darksiders Genesis, e cada estágio tem alguns caminhos alternativos e cantos escondidos que geralmente exigem que você retorne com novas habilidades para completar, garantindo um bom fator de rejogabilidade. Além disso, explorar os cenários é uma das tarefas mais divertidas do game, já que cada local tem um visual único e vários pontos para serem descobertos. Nesse ponto, o game soube copiar de forma fantástica o estilo de mecânica de jogo de obras similares como a série Diablo e Torchlight, além do estilo visual com seus cenários ricos em detalhes visuais e a perspectiva isométrica.
Do quinto dos infernos
Existem tantos elementos de boa qualidade em Darksiders Genesis que qualquer tipo de problema é quase completamente ignorado, mas ainda sim há alguns obstáculos menores que podem incomodar os jogadores mais atentos e exigentes. Além do fato de a câmera ficar muito longe de seu personagem para tentar exibir a maior quantidade possível de elementos do cenário, a tela pode ficar muito ocupada, o que significa que nem sempre é fácil acompanhar onde você está e o que está acontecendo ao seu redor. O cenário de formas irregulares também não ajuda para o jogador poder acompanhar seu personagem de forma clara. Enquanto em games semelhantes como Diablo o cenário é removido ou obscurecido graficamente quando existe uma pedra ou outro elemento no caminho do personagem, em Darksiders Genesis a visão do personagem é prejudicada por esse tipo de obstáculo dos cenários, além de os inimigos ficarem invisíveis. Certos ângulos de câmera tornam as seções da plataforma dificilmente frustrantes várias vezes. Além disso, a inclusão de um multiplayer em tela dividida parece quase inútil. Tal modo cooperativo de jogo parece muito natural em um game com dois personagens principais, mas não ter controle sobre os Cavaleiros e abrir mão da opção de mudar de fato prejudica a experiência. Não é necessariamente um aspecto negativo do jogo, mas os jogadores podem aproveitar o game sem problemas se essa opção não existisse. Uma característica bizarra para um game de RPG de exploração é que o mapa não mostra sua posição nele. Ele apenas destaca em que seção você está e deixa marcado os locais em que você encontrou itens colecionáveis (e há muito o que encontrar), mas não é ótimo para se orientar. Porém, os jogadores não devem ficar preocupados com esse aspecto, uma vez que a maior parte dos mapas em Darksiders Genesis são lineares e sem muitos caminhos alternativos para serem escolhidos. Ah, e se você não é muito fã de diálogos na série Darksiders, as expressões clichês de Strife podem incomodar você um pouco quando elas são ditas em momentos aleatórios da jornada. Além de pouco engraçadas, elas quebram a imersão no game e parecem algo forçado que foi inserido apenas para tentar dar algum toque de personalidade ao personagem. Apesar de não necessitar de um poder gráfico muito alto para ser executado com seus visuais ao máximo, fica evidente a qualidade gráfica inferior da versão do game para o Nintendo Switch quando comparada às versões do PC e PS4, com algumas texturas de baixa qualidade e elementos borrados. Porém, mesmo assim o game é um show visual no pequeno console da Nintendo. Os ambientes são detalhados e lindamente desenhados, e os efeitos de feitiços e habilidades iluminam a tela como se fossem fogos de artifício. Ele também funciona de maneira suave, sacrificando os 60 FPS (taxa de quadros normal do game ao rodar no PC) por um desempenho limpo e sem obstáculos com 30 FPS, exceto nas lutas contra os chefões. São notáveis algumas “travadas” momentâneas em alguns momentos da aventura, embora não seja comum o suficiente para ser uma questão importante que prejudique seriamente a experiência do jogador.
Darksiders Geneis: um novo caminho para a série?
A versão de Darksiders Genesis para o Nintendo Switch oferece tudo que o game original possui, apenas com alguns sacríficios na parte gráfica. A THQ Nordic não conseguiu copiar com perfeição à fórmula já cunhada por Diablo e Torchlight para games nesse estilo, mas fez uma ótima adaptação do gênero hack n’ slash de Darksiders para um game do estilo puro de RPG. De qualquer forma, Darksiders Genesis é um jogo excepcionalmente divertido e bem feito que consegue se encaixar sem muitos problemas no panorama geral da franquia. Mesmo com uma apresentação diferente a qual os fãs da série estão acostumados, ele é uma aventura que vale a pena ser conferida de perto.