O que o espaço sideral?

Antes de tudo, vamos falar sobre que há nesta parte do universo. O espaço sideral, além de planetas que já conhecemos, também conta com asteroides, cometas, estrelas, meteoroides e satélites da NASA, de empresas como Starlink e outras companhias que usam estes dispositivos para oferecer serviços. Há um debate muito abrangente sobre qual o limite entre a atmosfera terrestre e o espaço sideral, mas os especialistas concordam com uma frase: esta parte do universo realmente começa quando uma pessoa sai da atmosfera de nosso planeta. Mas como não há uma espécie de pedágio ou limite visível que nos informa que uma pessoa está no espaço sideral durante uma viagem, então fica realmente difícil fazer esta definição. Mas Theodore von Kármán, engenheiro e físico húngaro-americano, chegou a estipular onde começa o espaço e seus estudos são discutidos até hoje.

A Linha de Kármán

Como um dos profissionais que mais contribuíram para que soubéssemos onde começa o espaço sideral, Theodore von Kármán decidiu que todas as aeronaves que estivessem acima de 80 km sobre o nível do mar poderiam consideradas astronáuticas. Abaixo disso, todas as pessoas que fizessem uma viagem abaixo do limite definido pelo engenheiro não eram consideradas astronautas e a viagem era aeronáutica, ao invés de espacial. Entretanto, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA ou ANOA) considera que a Linha de Kárman esteja localizada a 100 Km do nível do mar. O limite ainda é utilizado pela Federação Aeronáutica Internacional (FAI) como uma forma de decidir que este é o neste ponto que começa o espaço sideral.

Nova definição

É importante entender que quando tudo foi definido na década de 1990, ainda não tínhamos tanto conhecimento sobre planetas, buracos negro e estrelas. Com isso em mente, Jonathan McDowell, do Centro Harvard-Smithsoniano de Astrofísica, refez os cálculos da Linha de Kárman para saber se o cálculo ainda realmente poderia ser considerado ou alguma mudança deveria ser feita. Com os dados de voos no espaço sideral de 43 mil satélites, McDowell então percebeu que modelos que passam do limite de 80 quilômetros de altitude acima do nível do mar possuem uma menor chance de voltar para nosso planeta. A base para estes cálculos foi o ponto mais baixo da órbita dos satélites, chamada de perigeu. O astrofísico também conseguiu entender que se os satélites estiverem acima de 99 quilômetros do nível do mar, a chance de voltarem para o planeta Terra é extremamente baixa. Dessa forma, McDowell estará levando o debate para que mais pessoas da comunidade de astronomia opinarem e o limite ser definido. Porém, existem profissionais de outros países que não concordam com o valor de 80 quilômetros acima do nível do mar.

Limite do espaço segundo a China

Conhecida por ter sua própria estação espacial que não trabalha com a NASA ou com a estação espacial da Rússia, a China tem seus próprios conceitos em relação a onde começa o espaço sideral. Um deles é que se um satélite estiver sobrevoando acima de 88 quilômetros do nível do mar, já está no mesmo local que planetas, cometas e estrelas. Porém, caso seu projeto esteja a uma altitude acima de 96 quilômetros do nível do mar, o país entende que você está cometendo agressão militar e haverão problemas. Durante o final do ano passado, o país asiático entrou em contato com a Organização das Nações Unidas (ONU) para denunciar que o satélite Starlink-1095 quase colidiu com a estação espacial Tiangong-3 da China. Os astronautas chineses precisaram desviar duas vezes para que um acidente não acontecesse. Apesar do Tratado do Espaço Sideral ter sido assinado por diversas nações que fazem parte da ONU, a China alega que os satélites da Starlink podem ser um problema para outros países e empresas. Isso porque ainda não há uma fiscalização por parte dos EUA para garantir que companhias do país estadunidense não gerem acidentes no espaço. Foi necessário que a NASA e a Starlink fizessem um acordo para que problemas não acontecessem. Na verdade, apesar de toda a discussão, ainda não há um documento que regula e exige que a fiscalização seja feita de forma neutra. A ONU chegou a agir em 27 de janeiro de 1967 na criação do Tratado do Espaço Sideral que além de decidir algumas regras, também garantia que nenhum corpo celeste poderia ter um dono, por mais que alguém tentasse realizar a venda. Mas ainda temos muito a decidir: com empresas já investindo em turismo espacial e as primeiras viagens comerciais ao espaço também já acontecendo, a atualização se faz mais do que necessária.

Limite do espaço segundo a NASA

Na verdade, não há lei ou escrita em algum documento histórico que realmente decida onde começa o espaço sideral. A resposta então poderia ser definida como 80 quilômetros acima do mar, já que a Administração Federal de Aviação, a Força Aérea dos EUA, a NOAA e a NASA usam este número como base para seus estudos. Atualmente, a Linha de Karmán está localizada a 62 quilômetros da linha do mar, e isso poderia ser considerado como base para a pergunta tema deste texto, já que a NOAA considera esta parte do universo como a fronteira entre a atmosfera terrestre e o espaço sideral. Entretanto, o Centro de Controle de Missão da NASA também considera a distância de 122 quilômetros como uma base para definir o início do espaço sideral, justamente porque é “nesse ponto que o arrasto atmosférico se torna perceptível”. A escrita foi feita por Bhavya Lal e Emily Nightingale do Instituto de Políticas Científicas e Tecnológicas durante uma revisão de literatura em 2014. É difícil definir um limite por justamente não haver um limite visível. Assim como não há um consenso sobre esta discussão. Um detalhe interessante é que a atmosfera de nosso planeta vai ficando mais fraca com o passar de uma viagem espacial, por exemplo, quando uma nave está a 965 quilômetros de altitude. Se este número fosse levado em conta, a Estação Espacial Internacional que está localizada a uma altitude média de 386 quilômetros ainda estaria na atmosfera de nosso planeta.

O que dizem os astronautas da NASA

Apesar de todo o treinamento e rígida seleção para ser considerado um funcionário da NASA que vai ao espaço, os astronautas concordam que mesmo quem pagou para viajar, ao invés de quem sai do planeta para alguma missão de exploração, também merece o mesmo título. Todos sabem que as pessoas que são adeptas do turismo espacial estão naquela posição porque pagaram e elas não são (e nem devem ser) confundidas com um comandante que esteve anos em treinamento. Isso comprova o pensamento de que se um dia você realizar uma viagem ao espaço e a nave ultrapassar a altitude de 100 quilômetros do nível do mar, pode sim ser considerado um astronauta. Também não pense que o fato de não estar em órbita não lhe qualifica como astronauta. Alan Shepard e Gus Grissom, realizaram um voo na região sub-orbital do espaço e levando esta regra em conta, eles não seriam astronautas. Mas o fato de estar na nave e passar do limite que as agências usam como base já é mais do que suficiente para receber o título. O que você acha dos atuais limites de espaço sideral levados em consideração pelas agências especializadas? Diga pra gente nos comentários!

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