“Essas ferramentas permitiram que governos estrangeiros aplicassem repressão transnacional, que é a prática de governos autoritários para seguir dissidentes, jornalistas e ativistas fora de suas fronteiras para silenciar a dissidência”, afirmou o Departamento de Comércio em um comunicado divulgado à imprensa. Desenvolvido pela NSO Group, o spyware Pegasus é capaz de rastrear todas as atividades registradas no smartphone hospedeiro, como mensagens recebidas e enviadas, além de ter acesso a localização do dispositivo em tempo real. O programa ainda consegue ter acesso ao áudio proveniente de chamadas telefônicas ou de mensagens, como o de um arquivo enviado ou recebido em um mensageiro, por exemplo. A inclusão da empresa na lista negra do governo norte-americano faz com que as exportações que poderiam receber de organizações americanas sejam restringidas. Agora, é muito mais difícil, por exemplo, para organizações americanas venderem informações, ou tecnologia, para estas companhias.

Empresa nega acusações

Em nota, a NSO negou todas as acusações e defendeu que apenas permite o uso so software para operações antiterrorismo ou de luta contra a criminalidade organizada. Um porta-voz da empresa ainda afirmou estar consternado com a decisão e que a empresa vai trabalhar para que esta situação seja esclarecida o quanto antes. Essa não é a primeira vez que a NSO está envolvida em um escândalo. Em 2019, ela foi processada pelo WhatsApp, que alegou que a empresa estava utilizando o spyware para acessar indevidamente contas de milhares de usuários ao redor do mundo. Na ocasião, a NSO Group negou todas as acusações e acabou sendo bloqueada para utilização da plataforma de mensagens. Outras denúncias contra a companhia surgiram no meio deste ano, depois que investigações publicadas por um consórcio de 17 veículos de comunicação internacionais revelaram que o Pegasus teria permitido espionar os números de jornalistas, políticos, ativistas e líderes empresariais de vários países.

Spyware foi cogitado no Governo Federal

Segundo informações divulgadas pelo portal UOL, o vereador carioca Carlos Bolsonaro, filho “02” do presidente da República Jair Bolsonaro, teria tentado importar a poderosa ferramenta de espionagem desenvolvida pela NSO. Ainda de acordo com uma fonte ligada ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI), um outro programa — também de Israel — conhecido como Sherlock foi cogitado pelo parlamentar. Enquanto o Pegasus funcionaria para alimentar com informações externas ao governo a chamada “Abin paralela” (em referência à agência responsável pelo serviço secreto do país), o Sherlock seria utilizado para monitorar o próprio governo. Procurados, Carlos Bolsonaro e o GSI não responderam aos questionamentos da reportagem à época.

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Fizemos um guia para você aumentar a proteção do seu computador e se proteger contra a ameaça dos spyware. Aprenda como saber se há alguém espionando seu computador. Fonte: Departamento de Comércio dos Estados Unidos.

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