O enredo de Minx

A aspirante a editora de revista Joyce (Ophelia Lovibond) é desafiada pela vida enquanto tenta realizar seu sonho de publicar uma revista com um tema mais feminista, diferente das publicações femininas da época. É aí que ela conhece Doug Renetti (Jake Johnson), chefe de uma grande empresa de pornografia. Renetti fica interessado em sua revista, mas agora os dois tem o desafio de se entenderem e conciliarem esses dois universos. Joyce tem o sonho de publicar uma revista voltada para o público feminino que traga outros conteúdos para além de cuidar do lar e ser uma boa esposa e mãe, como era grande parte das publicações femininas na época. Em seus sonhos ela conquista o prêmio Pulitzers (prêmio máximo dado para profissionais de trabalhos nas áreas de jornalismo, literatura e música organizado pela Universidade de Colúmbia) pelo legado de sua revista imaginária. No entanto, quando se trata de conseguir colocar suas ideias em prática, ninguém realmente a leva a sério. E bem, ela não é exatamente uma pessoa muito articulada quando se trata de apresentar suas ideias para os outros. Doug Renetti é o dono da Bottom-Dollar Publications, uma empresa por trás das revistas softcore às quais Joyce nem de longe sonha em querer colaborar. Doug no entanto vê na ideia de Joyce a possibilidade de alcançar um novo público dentro do mercado e logo corre para conseguir fazer com que Joyce trabalhe com ele.

Parceria inesperada

Lovibond apresenta uma Joyce um pouco ingênua demais para o mundo real, mas também determinada e astuta; ela é muito sincera sobre suas crenças feministas, a ponto de estar disposta a dar uma palestra a um pedreiro em um canteiro de obras sobre seu comportamento, mas a série não permanece nesse posicionamento esmagador sobre derrubar o patriarcado.  Na verdade, é trabalhando com Doug e com o resto de sua equipe do Bottom-Dollar, que Joyce encontra algumas de suas maiores noções preconcebidas sobre o que é o feminismo questionadas de forma legítima e válida. E esse é um ponto muito legal sobre sua personagem, porque muitas pessoas tendem a ver essa luta com um único olhar sobre ele, quando, na verdade, a luta feminista é muito mais ampla do que nossa bolha social.  Não é por acaso que ela se torna uma personagem mais divertida e conquistável quando começa a renunciar a seu forte domínio sobre o conceito do que ela acha que Minx deveria ser e começa a agregar para a revista uma nova visão sobre a luta dos direitos das mulheres, inspirada pelo olhar de outras mulheres. Johnson se diverte completamente com seu personagem. E isso é muito visível em tela. Doug parece um idiota em primeira instância, mas quando vamos conhecendo mais dele percebemos sua “contradição“, afinal ele é um editor-chefe de revistas pornográficas que ostentam mulheres em vários estágios de nudez em quase todas as páginas, mas que também contratou mulheres como parte de sua equipe de confiança no escritório da Bottom-Dollar. Nem tudo é como parece à segunda vista. Doug vê um mercado inexplorado em mulheres que querem o mesmo tipo de prazer visual que seus leitores masculinos. Ele vê na ideia de uma revista feminina de Joyce uma maneira de conseguir isso, combinando sua escrita feminista com fotos de homens nus.  Joyce, sendo um pouco puritana, inicialmente recusa a ideia de objetificar os homens da mesma forma que o mercado objetifica as mulheres. No entanto, é óbvio que Joyce e Doug formam uma parceria de sucesso quando ela começa a ver que as coisas nem sempre são tão “preto no branco” assim, e mesmo que continuem a ter prioridades diferentes sobre o que a revista deveria abordar a parceria funciona brilhantemente. É legal ver que mesmo com visões diferentes, eles conseguem acertar uma parceria que junta um pouco dos dois mundos. Textos que exploram outras ideias além do ideal “bela, recatada e do lar” enquanto ostenta fotos de homens nus em poses sensuais. Quem disse que uma mulher não pode ter visões diferentes do mundo enquanto “seca” um homem bonito em uma foto?

Inspirada em revistas reais

Nomeada Minx, a revista é fictícia, mas inspirada em muitas revistas eróticas voltadas para as mulheres na década de 1970. Joyce está lutando por uma grande mudança social, incluindo coisas como igualdade salarial e direitos reprodutivos, mas a showrunner Ellen Rapoport mantém Minx principalmente no ramo da comédia leve, divertida e focada em desenvolver seus personagens. Existe é claro, muita conversa e revisão de conceitos sobre a luta contra o patriarcado, o machismo e como as mulheres podem e devem ter seus direitos igualitários, mas ainda sim, tudo acontece de uma forma leve — às vezes um pouco utópico — mas sempre focando muito mais em trazer essas mudanças para os personagens do que para o mundo a sua volta. Afinal, o mundo não muda se as pessoas que vivem nele não estiverem abertos a essa mudança. Claro que, como uma obra ficcional, Minx às vezes usa a licença poética para produzir alguns momentos que acabam “solucionados” de uma maneira muito fácil, situações que, na realidade, não seriam tão propensas a acontecer, e o show às vezes encobre isso a favor de dar a Joyce e Doug grandes momentos triunfantes contra homens machistas estereotipados. No entanto, é muito fácil torcer por eles e “passar um pano” para certas situações, e é bom vê-los alcançar pequenas vitórias, mesmo quando batalhas maiores ainda precisam ser vencidas.

Nudez de corpos reais

Como sua revista homônima, Minx também é sexy e sedutora, cheia de nudez masculina frontal completa, com uma boa quantidade de nudez feminina também. É apenas mais um dia no escritório da Bottom-Dollar, onde Doug está administrando uma empresa discretamente progressista, mas que não tem nenhuma ilusão sobre o tipo de serviço que presta. O equilíbrio entre esses dois lados é o que torna Minx uma série tão atraente e agradável. Os elementos mais dramáticos ao longo da temporada são sempre entregues com uma generosa dose de humor, evitando que a série se aventure demais em um território mais sério e não tão divertido. Afinal, esta é uma série que se dedicada a destacar a nudez feminina e masculina em todas as suas várias formas, formatos, tamanhos e comprimentos – e da forma divertida e mais real possível.  Isso é outro fato a ser destacado na série: os corpos reais. Mostrando haver vários tipos e tamanhos de seios e partes íntimas, e que não, nada é como nos filmes pornográficos, cheio de edições. Embora Minx tenha alguns problemas para resolver conflitos gerados na história, preferindo caminhar mais para a comédia e menos para a dramaticidade que precisaria ser colocada, ainda há algo regozijante em uma série abordando de forma tão simples sobre desejo, sexualidade e prazer sem medo de arriscar e ser ousado. Veja também: Você já assistiu Minx, o que achou da série? Comente aqui e também não deixe de conferir nossa lista com indicações de 10 minisseries para maratonar no HBO Max.

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