Dirigido pelo italiano Luca Guadagnino, o filme trata sobre a descoberta da sexualidade e seu amadurecimento. Mas será que Me Chame Pelo Seu Nome é tudo isso mesmo que estão falando? Veja a nossa opinião nos próximos parágrafos.

O enredo

O enredo do filme é bem simples. Elio (Timothée Chalamet) é um jovem rapaz que está passando as férias no interior da Itália, um lugar bem bucólico e que, para ele, é até chato. Até que chega Oliver (Armie Hammer), um amigo de seu pai que é também um professor universitário. Oliver já é um homem feito, bem resolvido na vida e que traz consigo um certo ar de mistério. E isso desperta a total curiosidade de Elio. A partir daí o filme passa a nos mostrar o desenvolvimento da relação entre os dois, desde os contatos iniciais até os mais íntimos naquele verão de 1983.

O roteiro

Uma das decisões acertadas do roteirista (James Ivory) foi nos fazer acompanhar o desenvolvimento da história pelos olhares de Elio. Mais novo e muito mais inexperiente, o garoto via em Oliver a personificação do homem ideal: bonito, inteligente, inglês impecável e bem articulado, voz grave e imponente e, acima de tudo, misterioso. É bem interessante ver como a curiosidade de Elio logo se torna admiração para, em seguida, se transformar em desejo. E, ao estudar cada vez mais o seu novo objeto de desejo, ele também desbrava sua própria sexualidade.

Outro fator que me chamou atenção no roteiro é a ausência de conflitos. Não existem aqui pais conservadores e tiranos, amigas/namoradas ciumentas que tramam planos para prejudicar o protagonista, dramalhões desnecessários e sentimentos opressivos, como é comum em filmes de romances gay. É como se a calma e a tranquilidade daquele lugar pacífico fosse também transportada para a relação em desenvolvimento dos dois. Além disso, Elio vive em meio a pessoas cultas e culturalmente abertas. É normal falar inglês, italiano, francês e até alemão com a maior naturalidade, bem como ter diálogos sobre a etimologia das palavras e literatura clássica como se estivessem falando sobre o clima. Isso transmite a ideia de que quanto mais educação e cultura as pessoas tiverem, mais abertas elas serão para formas alternativas de amor, o que seria o normal.

As atuações

Os personagens principais aqui são Elio e Oliver, interpretados por Timothée Chalamet (o garotinho de Interestelar, eu sei, você não reconheceu) e Armie Hammer. A química dos dois é muito boa e transmitem naturalidade. Timothée fez por merecer sua indicação ao Oscar, nos passando muito bem as reações de um jovem adolescente descobrindo sua sexualidade. No entanto, duvido muito que ele ganhe, dada a atuação monstruosa de Gary Oldman em O Destino de uma Nação que, inclusive, já temos crítica aqui. Armie Hammer também não faz feio e desempenha bem seu papel de homem intelectual e misterioso. E, muito por conta do roteiro, a relação entre os dois se desenvolve de maneira desengonçada, começando com algumas provocações, depois hesitação e finalizando na entrega total. Ambos passam muita sinceridade em suas atuações e as cenas de beijo e de sexo são interpretadas de forma bem natural.

Porém, numa das últimas cenas do filme, o ator Michael Stuhlbarg, que interpreta o pai de Elio, rouba completamente a cena e nos presenteia com um monólogo fantástico onde ele aconselha seu filho a respeito do amor, da dor e de se deixar sentir as coisas. Em minha opinião, foi a melhor cena de todo o filme!

Cinematografia

E mesmo que o roteiro e as atuações não fossem tão boas, Me Chame Pelo Seu Nome é um filme bonito de se assistir. A fotografia, à cargo de Sayombhu Mukdeeprom, valoriza muito os tons quentes, focando numa iluminação solar que deixa tudo mais aconchegante. A escolha das locações também foi muito bem acertada. Por vezes eu fiquei com vontade de nas minhas próximas férias passar um mês todo passeando por esses pequenos povoados italianos desfrutando da paz e tranquilidade do lugar.

O diretor usou e abusou dos corpos semi-nus dos atores. Aproveitando a fotografia quente, é comum que os atores caminhassem pela casa sem camisa e com um short bem curto em planos abertos. Podemos dizer que também é um fã service, mas faz parte da atmosfera do lugar e do processo de desejo de ambos.

Concluindo

Me Chame Pelo Seu Nome é mais do que apenas um filme de romance, é um estudo sobre a descoberta da sexualidade sem que ela seja questionada. Portanto, ele tem capacidade para atingir muito mais que o público gay, visto que sua temática é universal. Certamente não é um dos favoritos ao Oscar. Acho muito difícil ele ganhar nas categorias de Melhor Filme e Melhor Ator. Mas ele tem boas chances nas categorias Melhor Música e Melhor Roteiro Adaptado, embora eu esteja torcendo para que Logan ganhe nesta categoria.

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