Entre as recomendações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS) para enfrentar a pandemia da COVID-19 está evitar ao máximo sair de casa. Essa orientação é válida para todas as cidades, estados e países onde o contágio pelo vírus esteja na fase de transmissão comunitária. Aos poucos, as pessoas aderiram à ideia, principalmente após observarem saltos enormes do número de mortes causadas pelo novo coronavírus de um dia para o outro, como vem ocorrendo na Itália e na Espanha. Apesar de estar longe do ideal, que seria a reclusão total de todas as pessoas, as paisagens nas metrópoles já estão diferentes. Os fotógrafos contratados pelo jornal foram incumbidos de explorar espaços públicos que, há não muito tempo, costumavam estar abarrotados de transeuntes, fregueses e/ou turistas. E as fotos que eles fizeram nessa jornada um tanto solitária falam por si só. Eis o que eles encontraram:
Fotos de espaços (quase) vazios
As fotos mostram como o estado de calamidade global causado pela proliferação da COVID-19 fez com que o vazio se espalhasse quase igual ao novo coronavírus. Cinemas, praças, praias, parques, restaurantes e templos, que antes viviam preenchidos pelo burburinho de vozes e passos, hoje estão ocos. Ou quase ocos. Isso porque algumas fotos mostram lugares com muito menos pessoas que o normal – mas não completamente vazios. E no caso de uma foto tirada de um prédio residencial em São Paulo (SP), o que se vê é o outro lado desse contexto de quarentena e distanciamento social: a concentração de pessoas em suas casas e apartamentos, como recomenda a OMS e o Ministério da Saúde.
Origens históricas
Os espaços públicos, como conhecemos hoje, não surgiram do nada. O conceito original vem das ágoras da Grécia Antiga. Esses locais eram praças públicas onde os gregos realizavam, principalmente, reuniões para discutir assuntos ligados à vida na pólis, que era uma espécie de esboço do conceito que daria origem às cidades. O espaço também servia para cerimônias religiosas, negociações e comércio. Com o passar do tempo, acontecimentos como epidemias, desastres naturais e, enfim, grandes tragédias, obrigaram os governantes a melhorar e repensar as estruturas dos locais públicos. Isso inspirou, por exemplo, construções mais arejadas e iluminadas, além de novos layouts de espaços para aglomerações. Assim, o bem-estar cívico foi sendo aprimorado conforme se via necessário. Alguns milhares de anos depois das ágoras gregas, hoje em dia as praças e outros espaços públicos ainda possuem uma espécie de gravidade que nos atrai, seja para relaxar, socializar ou até mesmo protestar. Agora, talvez, mais do que nunca.
Vazio nas fotos é um bom sinal?
Observar as fotos de lugares – que estamos acostumados a ver lotados – tão vazios pode trazer uma certa melancolia e tristeza sobre nosso atual momento, permeado pela quarentena e pelo distanciamento social. Mas isso é, também, uma questão de perspectiva. Esse vazio capturado nas fotos das metrópoles pode dar uma impressão de distopia (afinal, não é todo dia que se observa a Times Square deserta durante um horário de pico), mas ele também mostra que nós não perdemos a capacidade de nos unirmos por um bem maior. Nesse caso, nos unimos ao ficarmos em casa o máximo que pudermos para achatar a curva de contágio do novo coronavírus. As fotos têm potencial, sim, de trazer terror, mas também esperança. Elas ressaltam que a beleza dos lugares não reside apenas na arquitetura e no design, por mais que muitos dos projetos retratados sejam considerados obras de arte. A beleza está, também, na interação humana que acontece neles. No final das contas, tudo depende da maneira como você olha para as fotos, como as interpreta e como elas te fazem sentir. Fontes: The New York Times, Ministério da Saúde