Home Office
Com a necessidade de distanciamento social para se evitar a contaminação pela COVID-19, além das restrições de mobilidade impostas pelo lockdown (confinamento) decretada por alguns governantes para evitar a sobrecarga do sistema de saúde, muitas empresas começaram a se familiarizar com o regime de trabalho em home office. Em um primeiro momento, surgiram várias demandas e novos empregos diretos, como aumento na infraestrutura e qualidade de conexão de internet, ferramentas de gerenciamento de tarefas e produtividades, além da reorganização física no espaço de moradia dos trabalhadores. Se antes as residências acomodavam pessoas ou famílias que, basicamente, tinham uma rotina de passar o dia fora de casa e voltar a noite apenas para dormir, esta lógica se subverteu na pandemia. E quem mais sentiu foram, certamente, as famílias com crianças pequenas. Afinal para que uma criança possa ficar dias imersa no espaço de um pequeno apartamento e gastar toda sua energia, é necessário um planejamento detalhado do espaço. Outro ponto diz respeito aos idosos, grupo de risco do Covid-19 que precisa ficar em isolamento total, pois o espaço em que eles vivem também tem necessidades específicas e, muitas vezes, o auxílio de profissionais como cuidadores e enfermeiros. Por fim, a arquitetura das cidades também sofre modificações, já que não será mais preciso que o empregado resida nas proximidades da empresa para evitar transtornos como o trânsito. Se a demanda de casas longe de centros urbanos aumenta, será preciso replanejar o que fazer com os grandes prédios de escritórios, além de novos trabalhos que pensem e construam as cidades de acordo com esta nova lógica: transporte coletivo e shoppings sem aglomeração, mobilidade urbana com trânsito reduzido e centros comerciais e corporativos que se tornaram um “elefante branco”.
E-commerce
Em 2020, 11 milhões de brasileiros fizeram sua primeira compra pela internet. Se o e-commerce nacional via seu faturamento aumentar ano a ano, ele chegou a R$ 38,8 bilhões só no primeiro semestre do ano passado, impulsionado pelo distanciamento social e fechamento dos shoppings durante a pandemia. Neste cenário, os novos empregos que surgem na área estão ligados tanto ao funcionamento e otimização dos sites de e-commerce, quanto ao seu marketing, vendas, fiscal, compras e contábil. O Analista de UX (User Experience — experiência do usuário), por exemplo, irá analisar se o e-commerce atende todas as expectativas do consumidor, proporcionando a melhor experiência de compra possível. Já o Analista de Métricas ou BI (Business Intelligence — inteligência do negócio), faz a leitura de todos os dados do site, promovendo insights do que pode ser melhorado, principalmente nas campanhas de marketing. Outra área essencial é a de SAC, afinal quanto mais satisfeito o consumidor mais ele irá comprar.
Logística
O crescimento da área de logística está diretamente ligado ao boom da área de e-commerce em 2020. Líder no segmento na América Latina, o Mercado Livre cresceu 185% ano passado e parte se explica pela integração da Mercado Envios, seu braço logístico. Para atender a demanda no crescimento de pedidos, a empresa até realizou a aquisição de frotas de aviões. O desafio de quem trabalha com logística no país é justamente lidar com a total dependência do precário sistema rodoviário brasileiro (alto preço da gasolina e custo do pedágio, péssimas condições das estradas, roubo de carga, etc). Dentre as novas oportunidades de trabalho para 2021 ligadas ao setor está a de Coordenador de Suprimentos, o profissional que vai lidar com o planejamento estratégico de fornecedores, além de todo o fluxo de compras da empresa.
Meio Ambiente
Diversos estudos apontaram o quanto o surgimento do Sars-Cov-19 esteve diretamente ligado ao processo de desmatamento florestal. Com isso, para proteger a humanidade de futuras novas pandemias, a proteção de ecossistemas é essencial. Sendo assim, dentre as novas oportunidades de trabalho para 2021 integram profissões que lidam com a chamada Gestão Ambiental. A sustentabilidade não pode mais ser apenas uma palavra no Marketing e Publicidade das empresas, ela precisa ser parte integrante das estratégias práticas do negócio. Um estudo recém publicado pela consultoria Grant Thornton aponta que 70% dos empresários brasileiros acredita no impacto positivo da sustentabilidade nos negócios. Os novos trabalhos irão demandar profissionais que saibam planejar e implementar políticas sustentáveis, e setores como o Agronegócio precisarão estar atentos à práticas de preservação de ecossistemas conjuntos às áreas de plantio para manter suas operações a médio e longo prazo. Em 2020 o Brasil obteve a triste marca recorde de desmatamento e queimadas, com pressão da comunidade internacional para que o país intensifique a proteção de biomas como o da Amazônia. Com a ausência do poder público fiscalizando e punindo quem comete crimes ambientais, caberá a iniciativa privada o dever ético de proteger o nosso meio ambiente?
Diversidade e Inclusão
Em 2020 o Magazine Luiza sofreu críticas por abrir um processo seletivo de trainees exclusivamente para pessoas negras. Mas a CEO Luiza Trajano rebateu as críticas “Pessoas não entendem muito bem o racismo que a gente carrega“, se referindo diretamente ao racismo estrutural da sociedade brasileira, que se reflete no ambiente corporativo. Em 2021 o desafio das equipes de RH será justamente atender a crescente demanda de construir equipes mais diversas nas empresas. A inclusão de profissionais trans, por exemplo, é outro desafio. “Se já é difícil haver mulheres nos cargos de liderança, imagine quando falamos de mulheres e homens trans.” comenta Hóttmar Loch, diretor-geral da consultoria Nohs Somos. Nesta área, os recrutadores e especialistas na aquisição de talentos precisam se atentar não somente aos novos empregos, mas também na eventual reconstrução da cultura da empresa para que a diversidade e inclusão faça parte dela de maneira intrínseca e não apenas em cotas a se cumprir. Fontes: Fast Company, UOL Economia, Grant Thornton, Galileu, O Globo, G1
